A conservação das tradições e a influência da cultura do homem branco têm sido um desafio constante para os índios da etnia Xikrin que habitam o sudeste paraense.
No meio da maior floresta do mundo, a Amazônia, o povo Xikrin do Cateté vive com a constante interferência da cultura do homem branco e luta para manter viva a sua identidade.
“Lutamos para garantir que as crianças apendam os ensinamentos dos índios mais velhos”, diz um dos índios da comunidade.
Nossa viagem começa pela rodovia PA-160, partindo de Paraupebas no sudeste do Pará. São cerca de 400 quilômetros até as aldeias Ô-odjá, Djudjêkô e Cateté, que ficam na terra indígena Xikrin do rio Cateté, onde vivem os índios Xikrin. A região onde estão localizadas as aldeias pertence ao município de Parauapebas.
Vamos agora deixar o asfalto e seguir por esta estrada vicinal até o município de Água Azul do Norte. A aldeia para onde vamos está ainda muito mais a frente de lá.
Trafegar por aqui exige habilidade e só mesmo com carro de tração é o único caminho pelo entorno da terra dos Xikrin.
No final do dia, depois de sete horas de viagem, chegamos à primeira aldeia que vamos visitar. Hoje é um dia muito especial: tem festa na tribo.
Antes de mostrarmos a festividade, vamos conhecer como vivem os índios nesta parte da Amazônia. Nas três aldeias, a população é de pouco mais de mil indígenas da etnia Xikrin. As casas, construídas em forma de círculo, são marca dos povos da floresta. São construções de alvenaria. Os índios têm antena parabólica, sistema de distribuição de água e sinal de telefonia móvel. Aliás, na tribo é comum encontrar índio com celular, e eles estão aprendendo cada vez mais cedo a lidar com a tecnologia.
“Que eles busquem a tecnologia existente, mas que não deixem a essência deles, como a língua materna, a dança, a festa”, diz Girlan Pereira, coordenador de Relações Indígenas de Parauapebas.
Nas três aldeias existem escolas que seguem o mesmo conteúdo programático das colégios da cidade, mas com detalhe: em sala de aula, são sempre dois educadores. Um que transmite o conhecimento do homem branco e o outro que tem uma grande responsabilidade: manter viva a cultura do povo Xikrin.
A religião também teve muita influência do homem branco, principalmente nas últimas duas décadas. Muitos Xikrin são hoje evangélicos. Só na aldeia Cateté, que concentra a maioria dos indígenas, já são quase 300 índios convertidos ao evangelho. A Bíblia foi toda traduzida para a língua Xikrin.
Com a cultura do branco cada vez mais forte na aldeia,o cacique reconhece que os mais velhos tem agora uma responsabilidade ainda maior. “Não podemos deixar nossa língua, nossa dança, nossa crença e nossa pintura desaparecer”, diz Bepiton Xikrin.
A festa do aruanã é uma tradição do povo Xikrin. Na casa dos homens, eles se pintam e vestem o traje da festa. Daqui saem os aruanãs, espíritos que vivem no fundo do rio, um lugar onde não existe morte nem dor. Durante a festa, as mulheres são submissas. Não podem se aproximar nem identificar o índio que está debaixo dos ornamentos de palha. Para os indígenas desta parte da Amazônia, todos os anos com a chegada do período da chuva os aruanãs saem do fundo do rio para festejar com os mortais.
(G1)
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