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Nos primórdios dos anos 70,o Estado do Pará crescia em ritmo acelerado. A Amazônia, por sua vez, vivia do pensamento desenfreado das construções desenvolvimentistas dos Governos Militares focadas no sul, sudeste e nordeste do Pará, onde aparentemente se via um processo tranquilo e planejado, mas, por outro lado, atrás do alambrado existia uma situação até mesmo sem controle: o conflito pela terra.
(foto: Acervo pessoal Farias)
Então, entre a construção da segunda maior Usina Hidrelétrica do Brasil, formas de organizar a exploração mineral, sobretudo na Serra do Carajás, a explosão demográfica da mineração de ouro em Serra Pelada, com um processo migratório fora de controle, havia a “Política de Integrar o Estado” através de rodovias, indo ao encontro do crescimento regional e o povoamento local, almejado pelos governos militares.
Nesse sentido a PA-150 atendia todos esses requisitos, conectando o Pará de norte a sul, atrelando o Estado à Política Desenvolvimentista Nacional. Não podendo esquecer que nesse período, aproximadamente 1977, Ernesto Geisel, era o presidente militar brasileiro com nome alemão e com ideias desenvolvimentistas para a Amazônia.
No entanto, o Governo do Estado, com o então interventor Alacid da Silva Nunes, com relação a construção da estrada (PA-150), vivia num dilema da melhor forma de concluir as obras, sem gerar um conflito por terras já que as portas das oportunidades para os primeiros migrantes da região estavam abertas: emprego e terra.
A estrada que deu origem a Vila Agrícola de Tailândia
Mas a prioridade no desenvolvimento e crescimento econômico do Estado, centralizado no projeto, fez que as elites de Belém e os meios de comunicação, mais diretamente o jornal “O Liberal”, da família Maiorana, pressionar o governo Estadual através de matérias jornalísticas denunciando “as más condições” da estrada e a necessidade de seu “asfaltamento”.
Nesse sentido, a PA-150 deveria representar para o Governo um empreendimento fundamental na medida em que interligavam projetos vultosos que estavam sendo implantados na Região, sobretudo na conexão com outras estradas de grande relevância para os projetos governamentais, como a Transamazônica, unindo-as com a Belém-Brasília ao norte e sudeste do Estado.
Foi nesse período que se tem registro dos primeiros colonos e os primeiros moradores migrantes no que hoje é o município de Tailândia. Eles “acorreram para esse perímetro que estava sendo aberto”, que significava uma “nova oportunidade de melhorar de vida”
(PRADO, 2006), com o início das obras de abertura da PA-150, em 1977, trata-se de perceber que a obras da estrada encontravam-se ainda em processo de abertura “havendo duas frentes de construção, uma que vinha no sentido Belém-Marabá e outra no sentido inverso” (PRADO, 2006).
Diante disso, podemos concluir que foi entre dois grandes projetos desenvolvimentistas implantados na Amazônia na década de 1970 que nasceu o município de Tailândia, porém, ainda nesse contexto, o ano de 1978 estavam marcados pela tensão dos conflitos agrários, “frutos, em grande medida de uma proposta de reforma agrária imposta de cima para baixo, arbitrária em seus objetivos e formato estrutural e que foi feita na Amazônia à custa de um ‘esquecimento’ histórico e político das populações locais tradicionais” (PRADO, 2006).
Na visão dos militares, todavia, devia-se primeiro crescer economicamente para assim distribuir a riqueza, num momento de crise mundial do petróleo. Essa pressão era percebida pelos moradores da região que haviam de se acomodarem em barracos às margens da PA-150 na luta pela terra que também se estabelecia entre fazendeiros, madeireiros, grileiros, posseiros e colonos migrantes.
Nesse sentido, o recém-criado Instituto de Terras do Pará (ITERPA) pela lei nº 4.584, de 08 de outubro de 1975, extinguindo a Divisão de Terras da Secretaria de Agricultura (SAGRI), seria o responsável pela execução da política agrária do Pará. Então, o ITERPA, dessa forma, teve papel importante na mediação com relação a tensão social na região. Aí, nesse incremento é que o então governador do Estado, Alacid da Silva Nunes, determina ao ITERPA a intervenção na questão da terra, sob o comando do Tenente José Clarindo Pinheiro Nunes, o “Tenente Pinheiro”, José Custódio Patriarca e Raimundo Jorge P. de Souza. “O trabalho dos três foi verificar e levantar os dados que possibilitaram ao órgão estatal (…) pensar e implementar um projeto de colonização na região” (PRADO, 2006)
Dessa forma, foi da intervenção para minimizar os focos de conflitos agrários na região é que “nasceu uma cidade inteira, cidade esta que não nasceu planejada como uma agrovila (…), mas que começou antes da chegada destes técnicos, sendo transformada e dirigida por eles em sua chegada” (PRADO, 2006). Daí, em junho de 1978, nascia a Agrovila de Tailândia, vinculada politicamente ao município do Acará, na região nordeste do Pará
Assim, foram os conflitos por terra na região, que se tornaria Tailândia, primeiramente em vila ligada ao Acará e depois município, que trouxe moradores, migrantes, somados aos moradores tradicionais, para mais perto de órgãos federais, em busca de proteção e terra legal e é nesse sentido que podemos registrar o início de tudo.
O Perfil Sócio-Econômico da Colônia Agrícola de Tailândia em 1980.
Segundo dados do Projeto de Assentamento Dirigido (PAD), do Iterpa, em 1980, a colônia agrícola, em seu trabalho de assentamento “pacificador,” teve um nível de crescimento demográfico em quatro anos que “não condizia com a estrutura econômica, física e social que o espaço apresentava” (PRADO, 2006).
Nesse sentido, a colônia tinha apenas acesso pela PA-150, com uma estrada sem condições, falta de estradas vicinais para a pequena produção, o que inclusive propiciou o êxodo de muitos colonos para outras localidades, o que não é muito diferente dos dias de hoje.
Segundo os dados do PAD, com relação ao sistema de comunicação 71% utilizavam o rádio como meio de informação, televisão nem pensar, pela ausência sinal de transmissão e 23% por meios não especificados.
Quanto à educação, pelos dados do PAD, 48% da população tinha apenas o curso primário incompleto, 24,22% analfabetos, 23% não se encontravam em idade escolar, 2,45% ginásio completo, 0,35% colegial (ensino médio) e 0,4% com escolaridade de nível superior. Enquanto isso, a carência educacional se refletia no número de escolas em 1980, que eram de 14 na colônia (zona rural) e 01 na vila (perímetro urbano), ou seja, a Escola de 1º Grau Prof. Gabriel Lage da Silva, com dois professores de ensino médio e outros educadores. Tailândia ainda não possuía uma escola de ensino médio.
A saúde se resumia ao pequeno Centro de Saúde, na PA-150, com um médico e uma enfermeira, sem equipamentos cirúrgicos e nem energia elétrica. No relatório do PAD, ainda seria necessário à contratação de mais um médico, um consultório odontológico, um bioquímico e exames laboratorial.
Prado (2006) possibilita uma visão global da relação com as moradias da cidade, em 1980: “(…) tinha casas construídas em taipa e poucos prédios de alvenaria que eram de propriedade de colonos locais, pequenos comerciantes, fazendeiros ou donos de serrarias, havendo ainda aqueles que residiam em casas cedidas ou alugadas e as edificações de instituições como o próprio órgão estatal, além da EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), posto telefônico da TELAPARÁ (Telefonia do Pará) e Agência do Banco Itaú” (PRADO, 2006).
Quanto aos movimentos sociais, basicamente, “ainda que ineficazes”, os trabalhadores rurais tinham o apoio do Sindicato Rural do Moju e do Sindicato Rural do Acará, município que a Colônia de Tailândia tinha ligação administrativa. E assim, este é o quadro geral de Tailândia na virada dos anos de conflitos sociais pela terra e o novo início, numa cidade que ainda precisaria traçar muitas estradas para o desenvolvimento.
A Emancipação e as Primeiras Eleições
A História da fundação da cidade de Tailândia, no Estado do Pará, como vimos, se confunde com a história dos conflitos fundiários na região e a política desenvolvimentista dos Governos Militares, pois foi na década de 70, a construção da estrada que hoje corta o Estado de norte a sul, que pretendia integrar a capital do Estado com o sul do Pará, região em ascensão econômica devido à construção da Hidrelétrica de Tucuruí, da Transamazônica, da Ferrovia Carajás, da mineração e do garimpo de ouro, na época.
(foto: Acervo pessoal Farias)
(foto: Acervo pessoal Farias)
Nesse período vieram muitos migrantes de outros Estados, principalmente, do Maranhão, Piauí, do sul e sudeste do Brasil, para trabalhar no que seria a futura PA-150, na Meso Região Nordeste do Pará.
Os então pioneiros e primeiros moradores, fazendeiros, madeireiros e grileiros viviam em pé de guerra, isso foi um dos principais motivos que contribuíram para a intervenção do Estado na região.
Com a intensificação da violência, o governador do Estado, Alacid da Silva Nunes, determinou ao Instituto de Terras do Pará (Iterpa) a intervenção na região. Em 03 de junho de 1978, com a chegada dos primeiros técnicos, a localidade sofreu a intervenção da PM, sob o comando do Tenente Pinheiro, iniciando-se assim o cadastramento dos colonos e a administração do projeto de colonização, demarcação de terras devolutas e distribuição de lotes entre os quilômetros 51 e 183 da PA-150, numa área de 158.400 ha.
A curiosidade da escolha do nome da cidade se deu numa reunião, em julho de 1978, em que a denominação da localidade seria Tailândia, devido à comparação dos conflitos da cidade com os que ocorriam no país asiático Tailândia, que passava por uma guerra civil e de fronteiras
De fato, Tailândia só teve a sua emancipação político-administrativa do município do Acará, em 10 de maio de 1988, através da lei estadual de nº 5.452/88, sancionada pelo governador Hélio da Mota Gueiros. A primeira eleição municipal ocorreu em 15 de novembro de 1988, com a eleição do primeiro prefeito e vice, respectivamente, Francisco Nazareno Gonçalves de Souza e Francisco Cláudio Mercedes; em 1992, com a segunda eleição, foi eleito Francisco Alves Vasconcelos (Baratão); em 1996, no terceiro pleito volta à gestão municipal Francisco Nazareno Gonçalves; em outubro de 2000, é eleito prefeito o sr. Paulo Liberte Jasper (Macarrão), que teve como vice-prefeito o sr. Pedro Mercides da Costa, conhecido como Pedro do Sindicato, reeleito em 2004, para o mandato de mais quatro anos; em 2008; no sexto mandato municipal é eleito Gilberto Miguel Sufredini (Gilbertinho), que não termina o mandato por suposto abuso de poder econômico, e tem a sua candidatura a reeleição cassada pelo TRE, sendo empossado o segundo mais votado na eleição anterior, em agosto de 2012, Valdinei Afonso Palhares, que perde a eleição para o candidato do ex-prefeito cassado, o Sr. Rosinei Pinto de Souza (Ney da Saúde), em 2012, para mandato até 2016.
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