INFORMATIVO

CERÂMICA E ARTESANATO

CERÂMICA MARACÁ

Foi Ferreira Pena, quem encontrou essa cerâmica, nas lapas de um afluente do Rio Maracá na região da Serra do Laranjal, no Amapá, em 1871. São urnas zoomorfas, antropozoomorfas e tubulares. Quase todas encontradas com ossos ou fragmentos de ossos, eram fechadas por finos cordões enfiados em orifícios, unindo o corpo da urna com a tampa. Eram lacrados por uma espécie de cimento.

Essas urnas não estavam enterradas e sim dispostas em certa ordem sobre o solo das grutas. Muitas foram destruídas pelos animais ou pelas raízes das árvores. Algumas peças apresentavam pinturas e decoração.

Ferreira Pena diz que a origem dessa cerâmica é dos Caraíbas, já Ladislau Neto diz que os Maracás são os antepassados dos Marajoaras. A cerâmica Maracá não faz parte das tradições ceramistas existentes. Ela é classificado como fase não filiada.

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CERÂMICA TAPAJÔNICA


A cultura tapajônica tem uma influência muito marcante também na reprodução de peças de cerâmica baseada em achados arqueológicos. Pode-se aqui chama-la de Cerâmica de Santarém ou cerâmica dos Tapajó. Esta cerâmica advém de uma cultura, "considerada uma das de maior distribuição na bacia amazônica e, cronologicamente, aceita como proto-histórica" (8). O grupo indígena Tapajó localizava-se na foz e ao longo do afluente da margem direita do Amazonas — o Rio Tapajós.

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Os Tapajó resistiram ao contato com os conquistadores e missionários até o século XVIII, e a sua cerâmica manteve-se preservada de qualquer aculturação ou influência européia. Frederico Barata com referência a essa não aculturação, comenta o seguinte: "Isso, que é uma das coisas que maior surpresa causam a quem estuda a arte tapajônica, demonstra a solidez da sua cultura peculiar, com valores tão definidos que nem mesmo o convívio secular com a nossa civilização a pôde desviar da linha tradicional ou de integração na sociedade e no meio próprios".
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As origens dos Tapajó são até hoje desconhecidas, pois apesar de serem contemporâneas, somente a sua cerâmica ficou para testemunhar a sua história. Berredo que manteve contato com esses indígenas em 1626, aventa a hipótese de serem oriundos das Índias Castelhanas.

A cerâmica de Santarém tem como características marcante a sua modelagem, que para alguns, é rebuscada que lembra o estilo barroco. Meggers & Evans com base nessa exuberância de adornos, a incluem na Tradição Inciso Ponteada, que tem uma posição cronológica calculada para 1.000 a 1.500 A. D. Esta tradição pelos seus vários elementos "parece resultar de influências oriundas dos altiplanos da Colômbia, difundida para o rio Orinocco até sua foz, alguns de seus tributários e, através do rio Casiquiare, alcançando o Amazonas até a sua foz, sobrevivendo na bacia amazônica até o tempo da conquista" (9).

Frederico Barata nos dá uma interessante descrição interpretativa da cerâmica dos Tapajó: "A louça santarenense é um verdadeiro museu de zoologia. O índio amazônico antes do contato com o branco, quase nunca se inspirava na natureza vegetal. Era como se ela não existisse. Nunca se aproveitou, para sua arte, da estilização de uma flor, de uma folha, de uma árvore, e raramente a forma de um fruto. Tudo para êle, era zoomorfo ou antropomorfo. Nesse jardim zoológico, que é uma cerâmica tapajó — verdadeiro catálogo da fauna regional, como tão bem a definiu Linné — todos os bichos estão representados... Nas suas esculturas ou modelagem antropomorfas os ceramistas de Santarém se destacam dos demais. Mas sobretudo, os Tapajó eram escultores animalistas, pois realmente admiráveis são as cabeças de bichos que modelavam para ornamentação dos vasos, as vezes com alto sentido realístico, observando fielmente a natureza, e outras com liberdades interpretativas, produzindo complicadas e belas estilizações"(5).

Na cerâmica de Santarém encontra-se uma peculiaridade: a não existência de urnas funerárias, pois os Tapajó não enterravam os seus mortos; os ossos que depois restavam dos cadáveres, eram moídos e colocados no vinho, sendo bebido pelos familiares do morto e o resto da tribo.

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