Setembro já se despede e abre passagem para o tão esperado mês de outubro, mês em que consideramos o "Natal" dos paraenses. Denominamos assim porque, com a chegada do mês de outubro, a economia local aumenta consideravelmente, o comércio fica lotado, tudo por quê? É Círio outra vez.
Pelas ruas da cidade, seja paraense ou turista, é possível notar uma multidão de gente. Os shoppings ficam cheios, parece que o povo está indo para as compras de Natal em dezembro, todo mundo vem ao Pará nesta época do ano. Não é a toa que a festa é considerada o maior evento religioso católico do Brasil e do mundo.
Só para se ter uma ideia, anualmente, mais de dois milhões e meio de pessoas chegam a Belém no mês de outubro, todas levadas pela fé, criando um momento único, onde todos se tornam iguais, unidos pela fé, formando um verdadeiro "mar humano".
Os olhares estão voltados para a beleza do evento e para os céus. Olhos cheios de lágrimas de felicidade, de esperança e fé, que escorrem pelos rostos de todos que alcançaram ou esperam alcançar uma graça. Essas lágrimas que muitas vezes se misturam com o suor de quem caminhou quilômetros de distância dos interiores paraense como Castanhal, Vigia, Bragança, Capanema, Ourém e outros até Belém e ainda encontram forças para caminhar os mais de três quilômetros e meio do percurso oficial da romaria.
O Círio, turisticamente falando, é o momento em que a capital paraense é mais visitada. Pessoas oriundas dos quatro cantos do país e do mundo chegam a Belém, lotando seus pontos turísticos como Estação das Docas, Ver-o-Peso, praças e shoppings, tudo repleto de gente querendo degustar da nossa culinária local e desfrutar também, das crendices existentes no "Veropa", através dos banhos de cheiro realizado pelas erveiras.
Para quem ainda não conhece, o Círio é realizado no segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral de Belém (Igreja da Sé) e segue até a Praça Santuário de Nazaré (Basílica). Ao todo são onze romarias, começando pelo traslado da Santa de Nazaré, romaria rodoviária, romaria fluvial, moto romaria, trasladação, Círio de Nazaré, ciclo romaria, romaria da juventude, romaria das crianças, procissão da festa e recírio. É um mês em que a capital paraense fica pequenininha de tanta gente que se esbarra pelas avenidas, mas também, fica grande, do tamanho da fé que existe no coração de cada um que visita Belém nesta época.
Devido a sua grandiosidade, o Círio foi registrado, em 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio cultural de natureza imaterial.
A cidade fica bastante iluminada durante o Círio. A tradição nas vendas das fitinhas, dos objetos de cera ou miriti. Cada um representando uma graça alcançada ou um pedido.
Mas o Círio não é só isso. Ele está representado também na união das famílias, afinal de contas, todo mundo quer sentar na mesa e degustar daquele tradicional almoço do Círio, a ceia do "Natal dos paraenses". Quando você anda pelas ruas da cidade é possível sentir o perfume da maniçoba sendo preparada, do pato no tucupi, do bolo de castanha do Pará, da torta de cupuaçu, que nesta época, são pratos tradicionais e que não podem nunca faltar na mesa dos paraenses.
Por Kátia Vieira.
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