Em uma fantástica viagem oferecida a quarenta e dois alunos, do curso de
Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), teve-se o
privilegio de conhecer melhor a histórica capital do Pará, Belém. Esta cidade,
que já foi conhecida como a "Francesinha do Norte", ainda é merecedora do título
pela ostentação de suntuosos casarões centenários - retratos do período de
comercialização da borracha, um exemplo disso é o complexo de lazer Parque da
Residência. A antiga residência oficial dos governadores paraenses é um ícone de
luxo e beleza localizado no centro da cidade, na Avenida Magalhães Barata. O
Parque é a revitalização da identidade local, deixada como herança pelos
antepassados e revisto pelos contemporâneos. Este local foi também o palco de
uma grandiosa palestra aos alunos que estavam em visita técnica à capital
paraense, fora oferecida uma bela recepção, proporcionada pelo arquiteto e
também secretario de cultura Paulo Chaves Fernandes. O arquiteto por sua vez foi
o responsável pela restauração deste e de inúmeros outros patrimônios históricos
de Belém.
O início e os primeiros anos da Residência
No início do século passado, foi erguido, em terreno localizado na antiga
Avenida Independência, o Palacete Residencial em estilo eclético - recursos do
neoclássico misturados a outros elementos estilísticos e decorativos. Consta, em
jornais da época, que o palacete foi alugado ao Estado para ser utilizado como
residência dos governadores Enéas Martins e Lauro Sodré, mas oficialmente, em
1933, o primeiro inquilino a morar foi o interventor federal Magalhães Barata,
quando o terreno foi adquirido pelo Estado para ser a Residência Oficial do
Governador do Pará. No palacete foram hospedadas, em várias oportunidades,
personalidades do mundo oficial, dentre elas Eurico Gaspar Dutra, ministro da
guerra e depois presidente da Republica, nos dias 24 e 25 de setembro de 1943; O
marechal Arthur da Costa e Silva, ministro do Exercito em campanha para
presidente e depois o chefe do Governo; E o presidente Humberto de Alencar
Castelo Branco e sua comitiva, composta de vários ministros de Estado. (SECULT/PA;
2000).
“O local foi erguido na virada do século XIX para o XX. Transpirava-se a Belle
Époque, período áureo da borracha na Amazônia. O palacete foi construído pela
família Pombo para fins residenciais.” (MAGALHÃES; 2007).
“O último governador do Estado a morar todo o mandato no palacete foi Jader
Fontenelle Barbalho – 1982 a 1986. Seguido por Hélio Mota Gueiros, que lá
residiu parte do governo – entre 1986 e 1990 – mudando-se para a granja do Icuí,
em Ananindeua.” (MAGALHÃES; 2007).
Tombamento
“O palacete é tombado como patrimônio histórico do Estado e tem o estilo
eclético – recurso do neoclássico misturado a outros elementos estilísticos e
decorativos. Na parte interna, ele conta com lustres europeus, acabamento em
madeira da Amazônia, o piso é em parques (taco) e o teto é elaborado em detalhes
também de madeira. Desde a sua revitalização, ocorrida em 1998, no palacete está
sediada a Secretaria Executiva de Cultura (SECULT) e a administração dom Parque
da Residência.” (MAGALHÃES; 2007).
O conjunto histórico sobreviveu até 1981 quando foi tombado pelo
Estado e desativado como residência oficial do governador, em 1992. Em 1995, o
núcleo de arquitetos da SECULT, coordenado pelo secretário da Cultura, o
arquiteto Paulo Chaves Fernandes, iniciou a elaboração do projeto de restauro e
revitalização daquele patrimônio, patrocinado pelo Governo do Pará, através da
Secult, em parceria com o Ministério da Cultura/Mecenato, Embratel, Banco Real e
Agropalma, que passou a ser denominado Parque da Residência, inaugurado
oficialmente em 1998.
No projeto, o palacete recebeu minuciosa restauração. Foram recuperadas as
linhas arquitetônicas originais, assim como as peças de sua decoração que
conseguiram resistir ao tempo: lustres de cristal, mobiliário e etc. Também foi
revitalizado o busto "Clair de Lune", peça de petit bronze, que estava relegada
à condição de ferro velho no depósito do palacete residencial. A peça foi
restaurada por Fernando Luiz Pessoa e está exposta no interior do palacete. O
brasão das armas do Estado também embeleza a fachada do Parque. Hoje o palacete
abriga a sede da Secretaria Executiva de Cultura (Secult), responsável pela
administração do local.
Imagens do lustre e da parte interna não foram possíveis de serem extraídas do
local, devido a motivos de segurança e por questões de preservação dos objetos,
os estudantes não foram autorizados a fotografar a parte interior do palacete.
Imagem: À direita: O secretário de Cultura do estado do Pará, o Arquiteto Paulo
Chaves Fernandes, ao seu lado a professora Drª Patrícia Orfila e o arquiteto
Marcel Campos à esquerda ao lado de Amarílis Tupiassu.
(Foto: Fernanda Alencar, 2013).
Elementos da Paisagem
Para o jardim foram criados vários ambientes a começar pelo orquidário, logo na
entrada, pela Avenida Magalhães Barata. O orquidário expõe espécies existentes
na flora pan-amazônica, cultivadas no viveiro criado na UFRA, especialmente para
atender o Parque. Ao lado do orquidário, o pavilhão Frederico Rhossard é
utilizado para lançamento de livros, apresentação de bandas de música e outros
eventos do gênero. Em seguida, encontra-se um espaço com fonte e chafariz,
flanqueado por bancos, a Praça das Águas. Sentado ao banco, uma surpresa: a
estátua de Ruy Barata, pensativo, criação e execução do artista plástico e
arquiteto Luiz Fernando Pessoa, dando ao lugar o nome de Canto do Paranatinga. (SECULT/PA;
2000).
Grande parte da área apresenta cobertura vegetal significativa, representada por
arvores de grande porte, com altura em alcançando em geral 20 metros, com
espécies variadas, entre as quais, mangueira, seringueira, jambeiros,
cupuaçuzeiro, dentre outras espécies. (SECULT/PA; 2000).
A disposição de todos os elementos, tanto as definições quanto a vegetação,
definiram uma compartimentação paisagística da área, que foi determinante e
condicionante do tratamento que foi conferido à mesma. O projeto foi concebido,
dotando-se cada um dos comprimentos com tratamentos diferenciados, adequando as
condições paisagísticas específicas. (SECULT/PA; 2000).
Imagem: Alunos da Universidade Federal do Tocantins admirando a estátua do
cantor e compositor Ruy Barata, confeccionada com fibra de vidro e preenchida
com concreto.
(foto: Patrícia Castro 2013)
“No Parque da Residência, encontramos também o Gasebo, isto é, o Restô do
Parque, construído em 1980, em madeira e vidro e que funciona como restaurante
climatizado; a alameda Beija-flor, onde há exemplares da flora amazônica, como
orquídeas e réplicas de estátuas que ornam o Theatro da Paz e que dá acesso à
rua 3 de Maio. Tem também a praça do Trem, local onde se encontra uma sorveteria
e o vagão pertencente ao trem da extinta estrada de ferro Belém-Bragança (EFB) –
inaugurada em 1884 e que deveria ir até o Maranhão, no Nordeste do país, mas
sequer chegou a Bragança, nordeste do Pará.” (MAGALHÃES; 2007).
Sorveteria Vagão
Seguindo em direção à Alameda das Icamiabas, que corta o parque em toda a sua
extensão, mostrando detalhes de desenhos indígenas (Marajoaras), chegamos ao
Restô do Parque, que funciona para almoço, com Buffet a quilo internacional, e
jantar, com cardápio a la carte, com destaque a pratos típicos da região. Mais
adiante, outra praça, desta vez a Praça do Trem, onde está localizado um velho
vagão da finada Estrada de Ferro Belém-Bragança, que restaurado virou a
Sorveteria Vagão onde são servidos sorvetes com os especialíssimos sabores da
Amazônia frutas como cupuaçu, murici, graviola, bacuri, etc.
O Teatro: Estação Gasômetro.
Imagem: Estação Gasômetro
(Foto: Fernanda Alencar, 2013).
Encontramos o anfiteatro para apresentações ao ar livre. E também, a Estação
Gasômetro, antiga estrutura de ferro, que pertenceu à Companhia de Gás do Pará,
agora, é um teatro com capacidade para 400 pessoas, onde são apresentados
espetáculos de música e artes cênicas. No teatro, o público tem acesso à lojinha
de artesanato e produtos culturais, tais como livros e revistas. Nas
proximidades da loja mais uma das relíquias que compõe a história dos paraenses,
o antigo cadillac oficial do governo do Estado, adquirido pelo governador
Magalhães Barata, na década de 50, sendo o único modelo daquele ano existente no
Brasil. Sem duvidas um trabalho de restauração grandioso que enche os olhos de
quem vê.
A estrutura original do galpão, que pertencia ao antigo gasômetro de Belém foi
remontada no fundo das áreas antiga residência dos governadores, após a
demolição de uma garagem ali existente. As peças sofreram jateamento de areia,
foram substituídas as partes faltantes de acordo com o modelo original e
receberam tratamento antiferruginoso e pintura com esmalte sintético, cor verde
colonial, referencia 100/0674. (SECULT/PA; 2000).
Imagem: Cadillac oficial do governo do Estado.
(Foto: Fernanda Alencar, 2013).
Em 1956, Magalhães barata, na época de governador do Estado, adquiriu um
automóvel Cadillac, ano 1950. O veiculo do tipo conversível era usado apenas
dois dias do ano – 5 e 7 de setembro nos desfiles escolar E militar,
respectivamente – ou durante a visita de autoridades nacionais ou estrangeiras.
Dirigir o Cadillac durante as solenidades oficiais era o desejo de todos os
motoristas da década de 60 e 70 que trabalhavam no governo do estado. Segundo
Orlando Calvinho, um desses motoristas, “a responsabilidade de conduzir uma
alteridade nesse automóvel era a mesma em outro veiculo, mais a importância do
carro e sua beleza, transformavam todas as viagens em momentos inesquecíveis”. (SECULT/PA;
2000).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAGALHÃES. Cleide. Parque da Residência. Ex- recanto dos governadores, agora da
população. Diário do Pará. Brasil. Belém/PA, 2007.
SECULT/PA. Pará. Secretaria de Cultura do estado. Parque da Residência e Estação
Gasômetro.Parque da Residência - Série Restauro, V.2. Brasil. Belém/PA, 2000.
1- Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Federal do
Tocantins, no período vigente 2013/2.
Fonte: http://percorrendobelem.blogspot.com.br/
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