A necessidade de arborizar cidades é notória, principalmente em cidades da zona equatorial, onde a incidência de radiação solar é bastante elevada, em Belém, de meados século XIX iniciou-se o plantio de mangueiras para esta finalidade, fotos de postais da fase áurea da borracha, mostram como eram os principais corredores da cidade com os seus "túneis de mangueiras".
Quem mora em Belém, pelo menos nas áreas mais centrais, está muito acostumado a vê-las e a juntar mangas na rua, depois da chuva o de uma ventania qualquer - gesto tão característico dessa gente que também teme "levar uma doída mangada". Quem de nós ainda não deu aquele suspiro de alívio ao ver um fruto cair bem pertinho, causando um baita susto, ou teve a lataria do carro amassada e o pára-brisa quebrado por um deles? Amasso de manga nem chega a ser causa de desvalorização do veículo na hora da venda, aqui, de tão comum.
Triste é quando, em vez da manga, o que cai é a própria mangueira. Algumas centenárias representantes da espécie acabam por tombar, por motivos diversos, que vão desde a sua velhice a atos de vandalismo, passando, na nossa opinião, pelas podas e maus-tratos. Muitas vezes já tentamos, em conversas com técnicos do serviço público, entender as verdadeiras deformações que sofrem essas árvores por ocasião de serviços de manutenção da rede elétrica, telefônica e de esgotos, sem chegar a uma compreensão do fato. Já até recebemos a explicação que a culpa é de quem escolheu as mangueiras para arborizar a cidade, visto que não são adequadas para isso. Será mesmo? Bem que gostaríamos de ver os bairros da periferia cheios de mangueiras, justificando o apelido da cidade. Coisa de saudosistas, talvez, alguns diriam. Pelo menos não teríamos ruas áridas, sedentas de verde, em plena Amazônia.
As mangueiras são tão familiares para os belenenses, que até esquecemos sua origem asiática. Aqui chegaram, por volta de 1700, via Nordeste, trazidas pelos portugueses, depois de descobertas as rotas marítimas entre a Europa e a Ásia. A espécie possui excelente produtividade, que abastece o mercado interno e também faz parte dos itens destinados à exportação. Bem adaptadas ao clima brasileiro, foi possível a produção de inúmeras variedades, encontradas em grande diversidade de forma, peso, sabor e cor, que vai do verde ao vermelho intenso. Há, inclusive, mangas sem fiapos, produzidas a partir do cruzamento de variedades indianas e americanas, com vantagens em termos de peso, coloração e resistência às pragas. Alberto Carlos de Queiroz Pinto, pesquisador da Embrapa-Cerrado, desenvolveu duas novas variedades desse tipo de manga, totalmente sem fiapos: ROXA (Amrapali + Tommy Atkins) e ALFA (Mallika + Van Dyke).
Texto tirado deste blog:
http://llenna29.blog.uol.com.br/arch...004-08-21.html
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