INFORMATIVO

DIVERSIDADE É A MARCA NATURAL DA POPULAÇÃO DO PARÁ

MISCIGENAÇÃO 
 
A história oficial conta que os portugueses chegaram ao Pará em 1616 e encontraram por aqui os índios. A miscigenação desses povos contribuiu para a construção da população paraense. Mas eles não foram os únicos que formaram a identidade do Pará.
 
 Para o historiador Michel Pinho, é preciso entender primeiramente que “índio” é uma identidade construída. “Os portugueses encontraram aqui várias tribos, como os Tupinambás, Tupiniquins, Formigas e Marajoaras, que ao olhar deles acabaram se misturando e esse conjunto de identidades foi sendo apagado propositalmente para se colocar o nome de índio, negro da terra ou bugre”, explicou o historiador.
 
De acordo com ele, a diversidade sempre esteve presente na formação do Pará. “Antes da chegada dos portugueses a baía do Guajará serviu de circuito para outros povos entre eles os franceses, holandeses e espanhóis. Caso não fossemos ocupados por Portugal falaríamos algumas dessas línguas”, comentou Michel.
 
 OUTROS POVOS
 
 Michel destaca outros povos que estão envolvidos no processo de formação. “É impossível falar da constituição do paraense sem a presença desde o século XX de uma comunidade libanesa, árabe e judaica. A história do Pará ao longo dos últimos 200 anos é a mostra mais clara de como esse país se forma de uma intensa miscigenação”.
 O cenário do Pará do século XIX até 1950 teve algumas transformações devido à chegada de alguns povos. “Existe uma transformação francesa devido ao período da borracha, inglesa por causa do poderio inglês a partir do séc. XIX e americana pelas mudanças que a economia brasileira e latino americana vai sofrer depois da 1ª Guerra Mundial”, afirma o historiador.
 Mas foi na 2ª Guerra Mundial que o Pará teve um papel importante e a expansão dos EUA foi mais visível. “O estado foi base de apoio do exército nas patrulhas do Oceano Atlântico e nesse período vai entrar muito capital americano o que vai mudar um pouco não só a geografia de Belém como também o dia-a-dia da cidade com a chegada de navios, a construção das Docas do Pará e de um certo frisson pelo aeroporto de Val-de-Cães, tudo isso ligado ao projeto de expansão estadunidense aqui”, disse.
 
 Já na década de 70, devido a um processo da Ditadura Militar, ocorreu a ocupação do sudeste do Estado. “Com a abertura da Transamazônica uma enorme quantidade de mineiros, gaúchos, paulistas vieram para cá, o que cria uma população essencialmente diferente com tradições, hábitos, fala, gíria da população do nordeste paraense. Eles não formam um mundo a parte, mas uma outra diversidade que nós sempre convivemos desde o início do processo colonizador para formar hoje o que é o Estado do Pará”.
 Para Michel, desde o início a identidade paraense é plural. “Precisamos expandir essa noção de que paraense é tacacá, maniçoba e açaí. Não dá mais para dizer que somos só isso. Somos um Estado imenso e cheio de diversidade. Precisamos nos enxergar como paraenses com elementos que enxergam nossa diferença e aceitam essa identidade que sempre foi plural”. (Sâmia Maffra, DOL)

Postar um comentário

 
Copyright © Portal Paramazonia .
Share on Blogger Template Free Download. Powered byBlogger