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VEJA COMO O HÁBITO DE DORMIR EM REDES SE TORNOU PARTE DA CULTURA DO PA

Mesmo com opção de dormir na cama, muitos paraenses não abrem mão de dormir na rede, preservando um hábito da cultura paraense. A repórter Jalília Messias ouviu especialistas e diversas pessoas para investigar a origem do costume.
"Eu gosto de rede porque  na rede o vento passa por baixo, a gente não fica naquela quentura da cama, é bem fresquinho", revela a empresária Fátima Moreira.

"A rede serve não só pra embalar o corpo das pessoas, mas os sonhos, as fantasias e a vontade de viver", explica o historiador e antropólogo Márcio Couto Henrique.
O hábito de dormir na rede ou dar uma cochilada é bem comum nas regiões Norte e Nordeste e são uma herança dos índios. Os historiadores contam que os europeus só foram apresentados à rede depois da descoberta da América.
"Não existem relatos sobre a existência da rede na Europa antes da chegada dos europeus aqui na América. Então, certamente, a rede é um objeto de invenção indígena", detalha Couto.
O primeiro relato tá na certidão de nascimento do Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha, que dá detalhes sobre a vida na floresta para o rei de Portugal, Dom Manuel Primeiro, em 1500.
"Havia 9 ou 10 casas as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia; e eram de madeira; tinham por dentro muitos esteios e de esteio a esteio uma rede, atada pelos cabos, em cada esteio e altas, nas quais dormiam", revela o documento.
"Ela significa ou representa também a certidão de nascimento da rede, já que ela registra o primeiro contato dos europeus, dos portugueses com os índios no Brasil", conta o historiador.
Índios, negros, nobres, todos dormiam em redes, na época colonial brasileira, e quem tinha poder também, já que andava de rede para cima e para baixo.
"No período colonial, ser transportado numa rede era um símbolo de distinção, era uma forma de chamar atenção para a sua riqueza, prestígio social", aponta Couto.
A rede tinha o seu valor. "Tal pessoa faleceu e deixou 3, 4 redes, isso mostra também o quanto esse objeto era importante a ponto de constar nos inventários", sinaliza.
Mas a rede moderna também tem seu valor. A empresária Fátima Moreira conta que recebe muitas encomendas para personalizar o objeto, conferindo charme especial às peças.
charme!

"Sou a rainha das redes, o Pinduca que falou", conta, orgulhosa.
O cantor Pinduca é cliente antigo. Tem sempre uma rede atada na varanda, e para deitar, não importa a hora. Quando o tempo esfria, então, é aqui que ele se enrola todo.
(é do pará)

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