Artigo autoral - Há 184 anos, Belém iniciava um dos seus períodos históricos mais relevantes. A cabanagem foi gestada muito antes do dia 7 de janeiro de 1835. As graves lutas sociais existentes na Amazônia, o desejo de representatividade política de parte da elite agrária do Pará e a insatisfação com o governo de Lobo de Souza são possíveis explicações para a eclosão do movimento.
Há uma farta produção bibliográfica sobre o início do século XIX no Pará. Domingos Antônio Raiol, Pasquele di Paolo e Magda Ricci são peças chaves para entendermos um pouco desses conturbados anos. Ricci nos informa da gradiosidade e da extensão que foram esses anos: " A revolução social dos cabanos que explodiu em Belém do Pará, em 1835, deixou mais de 30 mil mortos e uma população local que só voltou a crescer significativamente em 1860. Este movimento matou mestiços, índios e africanos pobres ou escravos, mas também dizimou boa parte da elite da Amazônia. O principal alvo dos cabanos era os brancos, especialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade desta revolução extrapola o número e a diversidade das pessoas envolvidas. Ela também abarcou um território muito amplo. Nascida em Belém do Pará, a revolução cabana avançou pelos rios amazônicos e pelo mar Atlântico, atingindo os quatro cantos de uma ampla região. Chegou até as fronteiras do Brasil central e ainda se aproximou do litoral norte e nordeste. Gerou distúrbios internacionais na América caribenha, intensificando um importante tráfico de idéias e de pessoas." (http://www.scielo.br/pdf/tem/v11n22/v11n22a02)
Parte desta memória foi reelaborada e repensanda várias vezes ao longo destes séculos, mas na metade da década de 80 do século XX, a cabanagem marcaria lugar na cidade de Belém. Eleito governador pelo PMDB, Jader Barbalho escolheu a entrada da cidade para mostrar a magnitude do monumento da cabanagem. Oscar Niemeyer foi o arquiteto, e sua construção é única no norte do Brasil. Composto por um memorial, onde haviam placas explicativas sobre o movimento, um vitral e além dos restos mortais de personagens ilustres daqueles anos, como o cônego Batista Campos e o último governador Eduardo Angelim. Para o arquiteto a explicação do momumento esta ligada com a luta da população: "
“a bela lâmina de concreto representa a Cabanagem, acompanhando o caminho da História para o infinito; a grande fissura existente significa o momento de ruptura dessa mesma História, quando a Revolução foi esmagada, porém, como continua viva na memória do povo do Pará, também continua seguindo o caminho da História para o infinito" (http://www.monumentosdebelem.ufpa.br/transcodificacao/index.php/monumento/cabanagem)
A Imagem abaixo é de autoria do próprio Niemeyer e faz parte da lista de obras largamente estudadas por estudantes de arquitetura no Brasil. O anel viário que interliga Ananindeua, Belém e Icoaraci acabou por impedir sua utilização como espaço museológico. O atual governador do Estado, anunciou através do seu twitter: " O Monumento da Cabanagem sai do abandono e ganha a atenção que merece. O @GovernoPara, por meio da Secult, realiza, de 7 a 12 de janeiro, a programação “Belém Cabana”, uma semana alusiva ao Movimento da Cabanagem com atrações em diversos espaços culturais da capital. " Publicando a fotografia do espaço recebendo iluminação especial. Palmas para a valorização do nosso patrimônio.
Fonte: michelpinho.com.br
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