Mercado de Ferro: cheiros, sabores, beleza e história

Em 8 de maio de 1848, ao assumir o cargo de presidente da Província do Pará, o conselheiro Jerônimo Francisco Coelho encontrou Belém sem um mercado que tivesse o estilo dos que existiam na Europa, então colocou o mercado na lista de prioridades de obras que faltavam na cidade. Em 1900, o Mercado Municipal, construído em alvenaria e tijolos, não suportava mais o crescimento demasiado de mercadorias e mercadores, levando o governo a fazer uma intervenção na questão de higiene, espaço, dignidade e modernidade. Por causa dessas condições, outro edifício foi inaugurado em 1901: O Mercado de Ferro.
 

O novo mercado foi construído próximo ao Mercado Municipal de Carne e formado com estrutura metálica de zinco veille-montaine, possuindo uma torre em cada canto, totalizando quatro torres.  Inaugurado em 1901, o Mercado de Ferro ou Mercado Bolonha de Peixe é um dos mercados públicos mais antigos do Brasil e faz parte da maior feira ao ar livre da América Latina, pertencentente ao complexo do Ver-o-Peso, que foi candidato a uma das sete maravilhas do país. Situado às margens da baía do Guajará, o ponto turístico e cultural da cidade carrega uma mistura de cheiro, sabores e detalhes ricos, atraindo uma grande quantidade de turistas por ano.
Sua construção foi autorizada pela lei municipal  nº173, no dia 30 de dezembro de 1897  e, sua construção teve início em 1899 com o projeto de Henrique La Rocque. Em 1897, a empresa La Rocque Pinto & Cia venceu a concorrência pública para o levantamento do Mercado de Ferro. A obra possui a forma de um dodecágono, cujo peso é avaliado em 1.133.389 toneladas. A estrutura inteira de ferro do Mercado foi construída na Europa, sendo transportada de barco para Belém. Seguiu a linha francesa de Art Nouveau que a Belle Époque carregava e contou com traços de estilo neoclássico.

Após a reforma, a edificação contou com entradas externas que davam aceso diretamente a rua e hoje, o portão que dá acesso ao pátio central foi trocado por um portão de ferro decorado. Depois da reforma, no pátio central, foi mantida a mesma localização dos antigos barracões feitos de madeira, porém no lugar instalaram pavilhões metálicos, servindo de abrigo para os comerciantes de carne. Além dos pavilhões, agora está uma base de metal, onde ficava a antiga caixa d'água, que serve para observar todo o pátio do mercado, sem contar a escada helicoidal em art nouveau. Cada pavilhão possui cerca de 20 metros de comprimento e 10 metros de largura. Esses pavilhões eram fechados com portas de ferro entre as colunas responsáveis pela sustentação. A parte superior à porta de enrolar é circuncidada por painéis de ferro fundido, auxiliando junto com as venezianas na ventilação. Com a reforma, foi possível notar as melhoras nas instalações sanitárias e nas reinstalações da rede de esgoto. De acordo com a planta, nota-se que as lojas do térreo sofreram alterações no tamanho, que aumentou, além das divisões externas, que diminuíram para que outras lojas fossem fragmentadas. Para que o funcionamento do Mercado continue ativo, as mudanças e reparos continuam constantes. 
Em 1988, o mercado sofreu um incêndio que teve início em uma das lojas, mas os bombeiros conseguiram conter as chamas e apenas três lojas foram destruídas. Poucos meses depois, o local sofreu mais um incêndio, que causou estragos maiores do que o primeiro, destruindo quatro lojas externas e rompendo drasticamente uma haste do pavimento superior. O dano foi tão grande que o prédio teve que ser demolido e reformado na localidade da haste. Em 2011, o Mercado passou por um processo de restauração completa, onde toda a estrutura de ferro foi tratada e pintada. A parte de alvenaria também foi modificada, com a construção de grandes salas, com troca do teto e piso. Hoje em dia o Mercado funciona normalmente, aberto de terça a domingo para fregueses, turistas e comerciantes que visitam o Ver-o-Peso. O Mercado de Ferro, além de ser um local para fazer compras, também é um ótimo ponto turístico para conhecer a história do início de uma era em Belém.





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